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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Venina procurou imprensa em retaliação por ter sido afastada da Petrobras


A vingança da Venina...

A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou nesta quarta-feira, 17, que havia sido avisada de que a funcionária Venina Velosa da Fonseca procuraria a imprensa em retaliação à decisão da empresa de afastá-la do cargo. Venina era chefe do escritório da Petrobras em Cingapura e foi afastada do cargo pela comissão interna que apura desvios de recurso.

"Em 2009, Venina teve uma briga com o Paulo Roberto (ex-diretor de Abastecimento). Não sei o porquê. Quando ela conversou comigo sobre a área de comunicação, foi a primeira vez que soube que eles tinham se desentendido. E eu falei com o Paulo Roberto: você e Venina precisam conversar", afirmou durante encontro de fim de ano com a imprensa, na sede da empresa, no centro do Rio.

Graça destacou a aproximação de Venina com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. "Eles trabalharam juntos por anos", afirmou.

Já em outubro de 2011, relatou Graça, Venina enviou novo e-mail falando de esquartejamento de projeto. "Não sei o que é esquartejamento de projeto. De novo levei o assunto para o Paulo Roberto e disse: a Venina se ressente e diz em ineficiência. Eu era diretora e o Gabrielli, presidente. Como presidente da Petrobras, depois, ela mandou e-mail e eu enviei para o jurídico, para que fossem feitas as ações cabíveis. Nós diretores sabemos o que vai para a reunião de diretoria. Não tenho como saber a outra parte", disse a presidente da Petrobras.

Graça informou que, com comissões internas que apuram desvios de recursos na Refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), 12 funcionários perderam cargos de confiança. Nenhum deles foi exonerado. "Não se trata de ação sobre a Venina. Vários colegas nossos perderam as posições. Aqui a investigação só começou", afirmou.

Depoimento

A executiva afirmou ainda que a Lava Jato "adentrou" a Petrobras e influenciou a rotina da empresa. "Sabemos que o trabalho da Polícia Federal está ensinando muito à Petrobras", disse.

Graça ressaltou ainda que, em 8 de outubro, teve acesso ao depoimento de Costa, quando "tomou ar de realidade" as denúncias de corrupção na empresa.

Segundo a presidente da Petrobras, a partir das delações, a diretoria foi obrigada a aceitar a convivência com "palavras" que, até então, queria negar. Entre as palavras, enumerou: "cartelização, preço excedente e recebimento de propina".

Graça falou também dos efeitos da Lava Jato nas finanças da companhia, destacando que pela primeira vez na história o balanço não foi auditado. Ela atribuiu a decisão de não divulgar o balanço do terceiro trimestre deste ano às denúncias feitas por Costa, mas também a "calúnias".

"Consideramos prudente que o balanço não fosse apresentado ainda, porque existe um conjunto de informações que não estão prontas para serem apresentadas à sociedade", afirmou. Segundo ela, novas delações podem representar novas baixas nos ativos. Assim, segundo Graça, a empresa seria obrigada a revisar o resultado.

 'Eu preciso ser investigada', afirma presidente da Petrobrás

A presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou nesta quarta-feira, 17, durante coletiva de imprensa, que colocou seu cargo e de toda a diretoria à disposição da presidente Dilma Rousseff. Segundo ela, a decisão foi tomada diante do risco de que a permanência da diretoria inviabilizasse a aprovação do balanço da estatal.

Graça afirmou ainda que as investigações da Operação Lava Jato indicaram a necessidade de "uma sinalização positiva de que a diretoria está em condições, do ponto de vista de sua governança, de assinar o balanço".

"Eu preciso ser investigada, os diretores, nós precisamos ser investigados. E para isso precisamos das auditorias internas. Eles chegam, entram na sua sala, abrem seus armários, pegam seus papéis, computadores. E isso é bom", disse Graça.

Segundo ela, a diretoria permanece "enquanto contar com a confiança da presidente e ela entender que devo ficar". Graça afirmou que conversou com Dilma "uma, duas, três vezes", mas que uma definição "é ela quem tem que falar".

"A coisa mais importante para a diretoria é a Petrobras, muito mais importante que o meu emprego. Temos discutido isso no conselho também, essa é a motivação de se discutir a conveniência de nossa permanência em função do balanço", disse a executiva. "Os funcionários, 85 mil funcionários, cobram que sejamos respeitados também pela governança", completou.

Segundo a executiva, a não apresentação do balanço não foi uma imposição da auditoria externa, PriceWaterhouse Coopers (Pwc). "Nós não estávamos prontos", afirmou. "Os resultados das investigações tornaram evidente que nós precisamos fazer baixa no patrimônio líquido da companhia."

Graça afirmou que "não há segurança" de que informações do resultado financeiro serão divulgadas "em sua plenitude" nos próximos 45 dias. Esse é o prazo para a divulgação do balanço do terceiro trimestre deste ano, sem ter que antecipar o pagamento de dívidas. A publicação do balanço não auditado está previsto para 30 de janeiro.

"Estamos trabalhando para fazer avaliação do real valor do ativo. A gente chama de efeito da Operação Lava Jato, um nome menos feio. O nome correto é corrupção", afirmou Graça.

A preocupação da empresa é que o patrimônio da empresa seja revisto à medida que novas delações à Polícia Federal deem a dimensão do volume de recursos desviados.

 Graça garante que a empresa não tem problema de caixa para dar conta dos investimentos. "Não vamos ter problema de financiabilidade. Não batemos na porta do governo para pedir dinheiro".

Posicionamento

Graça cobrou do governo federal um "posicionamento urgente" sobre a situação das empresas envolvidas na Lava Jato. Segundo ela, comprovadas as denúncias de corrupção, a estatal ficaria proibida de contratar as empresas que atuam nos principais estaleiros do País na construção de embarcações e plataformas para a Petrobras, o que poderia comprometer a produção da companhia.

"É urgente que o governo se posicione de alguma forma para resolver os impactos da operação lava jato no que se refere às empresas. Nós precisamos delas ou de licitações internacionais para que possamos atingir a curva de produção. Uma vez evidenciada uma série de fraudes e corrupção, não podemos contratá-las, essa é a grande ameaça à curva de produção", afirmou Graça Foster.

A executiva sugeriu que o governo elaborasse um projeto de continuidade do Promimp, programa lançado em 2003 para priorizar a indústria naval brasileira no atendimento às encomendas da Petrobras para exploração do pré-sal. "É preciso fazer o Promimp 2 urgentemente", afirmou.

"É fundamental que o governo se organize urgentemente para que resolva as empresas, por que o mercado se fecha, ela não consegue se financiar e começa uma serie de problemas em decorrência disso", complementou Graça.

Incômodo

A executiva afirmou que está "absolutamente confortável" para responder às investigações da Lava Jato. A executiva, que em 2012 demitiu Paulo Roberto Costa da diretoria de Abastecimento, e também outros diretores hoje implicados nas investigações de corrupção, disse também que à época "sabia o que incomodava" no "estilo de gestão" dos outros diretores.

A executiva foi questionada se já tinha indícios de irregularidades na empresa quando assumiu a presidência, em abril de 2012. Poucos meses após sua posse, Graça Foster demitiu o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa, e também Renato Duque, ex-diretor de Serviços, e Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional.

"Sabia o que me incomodava. São estilos de gestão diferentes. Não me metia no que estava sendo feito", afirmou a executiva. Segundo ela, a diretoria atual trabalha mais próxima e com "intromissão muito grande".

"Não poderia trabalhar com a independência das áreas. Não saberia fazer. Entendi, por tudo que se passava, que, no caso da diretoria de abastecimento, seria uma convivência quase impossível. E outros diretores entenderam, por razões diferentes, que a convivência comigo também não seria fácil ou por que queriam fazer outras coisas da vida. Essa foi a grande a razão", explicou.

A executiva afirmou ainda que a diretoria não "tem receio da verdade". "Estamos diante de vocês por que não temos receito da verdade. Estamos absolutamente confortáveis, buscando na nossa memória as respostas para ser justo com as pessoas", afirmou. Informações Estadão

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