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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Quadrilha do Cachoeira tramou chantagem contra Agnelo... E a imprensa caiu na trama

Gravações da PF mostram que Cachoeira e Demóstenes contavam com denúncia do MP contra o governador para pressionar pelos interesses da Delta em contratos com o GDF


Em vários momentos, Demóstenes foi rigoroso com o governador do DF. Em novembro de 2011, subiu à tribuna do Senado para pedir o impeachment de Agnelo.

Conversas interceptadas pela Polícia Federal (PF) durante as investigações da Operação Monte Carlo indicam que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), apontado como o braço parlamentar do suposto esquema liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, atacou o governador Agnelo Queiroz (PT) dentro de uma estratégia para desgastar o petista e pressioná-lo a atender os interesses da Delta Construções. Em trechos gravados desde dezembro de 2010, há demonstrações de que o grupo queria indicar uma pessoa de confiança da organização na presidência do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), órgão que controla os contratos de lixo no DF......


Em meio a uma crise provocada pelas denúncias de supostas irregularidades no Ministério do Esporte e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agnelo é o centro de conversas em que o araponga Idalberto Matias, conhecido como Dadá, discute com Cachoeira qual o melhor momento para desgastar o governador. Diz Dadá ao bicheiro: “Primeiro tem que conversar com Cláudio e Fernando porque eles querem que bata”. Considerado um dos mais frequentes interlocutores do Cachoeira e lobista da Delta, Dadá avalia com Cachoeira a participação de Demóstenes no processo de desconstrução da imagem de Agnelo.

O diálogo sugere que Dadá se referia a Cláudio Abreu (o representante da Delta no Centro-Oeste) e a Fernando Cavendish (o dono da construtora). Na conversa, eles chegam à conclusão de que, em vez de usar dossiês de opositores, deveriam aguardar uma suposta denúncia contra Agnelo que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, estaria prestes a apresentar. “O cara vai ser denunciado mesmo lá na frente, entendeu, e aí a gente tem argumento para dizer ó… o cara (Demóstenes) tá fazendo o papel dele na oposição”, diz Dadá.

Em outro trecho, o araponga comenta com Cachoeira uma conversa que teria tido com Marcelo de Oliveira Lopes, conhecido como Marcelão — policial civil que trabalhou com o ex-chefe de gabinete de Agnelo Cláudio Monteiro. “O Marcelão disse assim: ‘Dadá, olha só, os caras não estão dizendo que vai sair uma denúncia do Ministério Público? Por que aí o senador (não) espera essa denúncia sair e aí sim, ele está no direito de falar na Tribuna. Porque o que acontece, ele tem um papel do MP afirmando que o Agnelo é vagabundo’”, afirmou Dadá. Marcelão e Cláudio Monteiro são citados várias vezes no inquérito da Monte Carlo, como interlocutores do grupo de Cachoeira no Palácio do Buriti. Ambos negam o vínculo.

A Polícia Federal, ao fazer o resumo do conteúdo de um diálogo interceptado entre Dadá e Cachoeira, interpreta que eles discutem uma forma de “bater” em Agnelo. Em 30 de janeiro, houve uma intensa troca de telefonemas entre Cachoeira, Dadá e Cláudio Abreu sobre uma entrevista, publicada nos dias anteriores, na qual o delator da Operação Caixa de Pandora, Durval Barbosa, afirma ter mostrado a Agnelo os vídeos de políticos pegando dinheiro no DF. Durval disse que Agnelo prometeu a ele uma secretaria, o que foi interpretado como uma aliança política entre os dois para derrubar o governo anterior e chegar ao poder.

Articulação
Na ocasião, Demóstenes deu uma entrevista em que, nesse contexto, ataca o governador. Segundo as escutas, Marcelão afirma que Agnelo queria conversar com Demóstenes e telefonaria para o senador. Mas as conversas indicam que Cachoeira, Dadá e Cláudio Abreu se envolveram diretamente nessa articulação. Em um dos trechos gravados, há a seguinte fala de Dadá: “O governador pediu para falar. O senador falou que só conversa com ele, só almoça com ele, depois que resolver os problemas, os pedidos dele. Aí chamaram o Cláudio (Abreu) aqui amanhã para conversar. Vamos ver”. Um dos interesses do grupo era ter influência no comando do SLU onde tramitam os milionários contratos de limpeza urbana da Delta.

Dadá fala das supostas negociações para nomear o presidente e demonstra falta de paciência com a dificuldade de emplacar um nome. Cita que teria se queixado a Cláudio Monteiro, que era considerado o braço direito de Agnelo. “Falei com o Cláudio ontem, eu falei pu.., pu.., chefe de gabinete lá. Falei, ‘porra bicho’ cês… rapaz cês perder um cara desses… É pra cês perder um cara desses que é… Um potencial do car……. Ser aliado de vocês, por causa de uma merreca dessas, bicho, pelo amor de Deus.” Dadá completa o raciocínio, subindo o tom: “Por causa de um troço ‘babaca’ desses, um troço ‘xibunga’ desses! Fosse um órgão como a Novacap eu até ia ficar calado, entendeu? Um órgãozinho ‘xibunga desses, é não atender o cara, meu irmão’”.

A articulação para indicar o nome na presidência do SLU começou em dezembro de 2010, segundo indicam as escutas da PF. Houve uma tentativa de colocar no cargo o policial militar Paulo José Barbosa Abreu. O senador Demóstenes é citado como um interlocutor que vai entrar no circuito para conversar com Agnelo. Dadá pede que o PM lhe envie um currículo, que será encaminhado em um dos e-mails de Cachoeira. O contraventor entraria em campo para que o nome do grupo fosse o escolhido. Mas o delegado aposentado da Polícia Civil João Monteiro acabou sendo nomeado por Agnelo. Em vários momentos, Demóstenes foi rigoroso com o governador do DF. Em novembro de 2011, subiu à tribuna do Senado para pedir o impeachment de Agnelo.

2 Comentários:

Djijo disse...

Barbaridade!

Fábio disse...

Essa imprensa nojenta (#PIGbandido) que dá cobertura a esses bandidos tem grande culpa no cartório!! Agora eu já não caio mais nessa conversa, na hora do Jornal Nacional eu desligo a tv e vou me informar nos blogs sujos !!

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